SEJURI – Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social

Santa Catarina tem 5,5 mil presos no projeto Despertar pela Leitura

Santa Catarina tem 5,5 mil presos participando do Projeto Despertar Pela Leitura desenvolvido no sistema prisional do estado. Viabilizado por meio de uma parceria entre a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) e Secretaria da Educação (SED) o programa estimula a reinserção social do interno, por meio do ensino e da literatura e pode resultar em quatro dias de remição de pena.

Para integrar o projeto e obter o benefício, não basta apenas ler o livro. Depois de participar de uma prova de nivelamento, os internos selecionados recebem as orientações e um livro, que deverá ser lido na cela em até 30 dias. Passado o período, retornam à sala de aula para escrever uma resenha. O texto é avaliado pela comissão de ensino da unidade prisional e atribuído uma nota, sendo que a média é 6,0. Se for aprovado, o documento é encaminhado para o Juiz da Vara de Execuções penais, que concede ou não a remição de quatro dias de pena. Mas se o reeducando não conseguir alcançar a média, tem mais uma chance para escrever nova resenha. Se não conseguir a nota 6,0 a tentativa é anulada e ele começa a ler outro livro. Cada interno pode ler até 12 livros por ano o que garante remição de 48 dias de pena.

A professora estadual Gabriela Souza Schebella atua no projeto Despertar pela Leitura, na Penitenciária da Capital. Formada em Português, Literatura e Espanhol, trabalha desde 2011 com ensino de jovens e adultos e, neste ano, vive uma nova experiência profissional com pessoas privadas de liberdade. “Eu percebo que com a leitura eles trazem muito do que leem para a realidade deles”. Entusiasta do projeto, Gabriela destaca que os textos revelam uma reflexão dos internos acerca dos atos que cometeram e que os levaram a estar atrás das grades. “A literatura ressocializa sim!”

Mas além promover a autoanálise, o projeto tem se mostrado bastante eficiente na melhoria da produção textual tanto que, atualmente, 160 internos estão cursando o ensino superior. Para a professora, o Despertar pela Leitura dá uma contribuição muito importante para os alunos no sentido de melhorar a redação, um dos requisitos fundamentais para o ingresso na universidade ou para aprovação no Enem e no Encceja.

Os livros que fazem parte do projeto são selecionados e devem seguir critérios como, por exemplo, contribuir para a formação intelectual do interno e não estimular a violência. “Oferecemos obras literárias, científicas ou filosóficas, podendo ser romance, autoajuda, narrativas fantásticas ou “biografias”, comenta a professora.

Gerente de Desenvolvimento Educacional do Departamento de Administração Prisional (Deap), a agente penitenciária e pedagoga Josiane Melo assinala que, no início, o objetivo do interno é apenas a remição da pena. “Mas a partir do momento em que ele começa a ter contato com a literatura, em muitos casos, é possível notar uma mudança no seu comportamento para melhor”, comenta.

Josiane Melo destaca que muitos apenados não tiveram contato com a educação quando estavam em liberdade e têm agora possibilidade agora de acessar ações educacionais que podem contribuir para reestruturar a sua vida. “Nosso objetivo enquanto estado e devolver essa pessoa privada de liberdade para a sociedade, para a sua família, para sua comunidade com uma perspectiva de vida melhor do que quando entrou no sistema”, finalizou.  

Para o titular  da SAP, Leandro Lima, a educação constitui-se também uma estratégia de segurança prisional. “Na medida em que podemos oferecer trabalho e ensino para o interno, ele começa a ter uma nova perspectiva de vida, se aproxima dos familiares e tem a possibilidade de recuperar os laços sociais.” 

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